sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tumores ósseos primários

    São tumores ósseos mais raros que as metástases ósseas e o mieloma múltiplo.   Costumam acometer crianças e adolescentes. Podem ser:
   Benignos: contém uma cápsula verdadeira (formada por células não tumorais) e são unicompartimentais; e permanecem confinados ao osso.
   Malignos:  pseudocápsula (células do próprio tu que estão comprimidas)  cercada por uma zona fibrovascular de tecido reativo, com um componente inflamatório variável que penetra e se mistura com o tecido normal adjacente.  Tem a capacidade de ultrapassar a pseudocápsula e formar lesões satélites no osso (metástases salteadas). São multicompartimentais, e assim destroem a cortical do osso e atingem tecidos moles. 
  Clinicamente tantos os benignos como os malignos apresentam-se com dor progressiva, sem relação com a movimentação, piorando a noite. O paciente pode ter uma tumefação de consistência firme na região afetada.
   O diagnóstico é feito com Raio-x,  que mostra informações que podem nos levar  a diferenciar qual o tipo de tumor, que é confirmado com a biópsia.
   A TC contrastada mostra realce nos hipervascularizados, o acometimento de tecidos moles e a presença ou não de metástases pulmonares. 
   A Ressonância determina a extensão intra e extra articular do tumor, é o melhor exame para avaliar partes moles. 
    O mais comum dos malignos é o Osteossarcoma (35%) ocorrendo na faixa etária de 10 a 25 anos. Acomete principalmente a metáfise óssea, sendo comum nos osso do joelho: fêmur  distal (52%), tíbia proximal (20%), úmero proximal (9%). No Raio x observa-se lesão heterogênea de bordos indistintos, áreas blásticas de osso esclerótico; reação periosteal e expansão para além da cortical do osso mostrando imagem dos "raios de sol" e "triângulo de Codman" (representa o levantamento do periósteo).
 
Raío x mostrando lesão blástica em região de fêmur distal. 

Raio x mostrando reação periosteal: triângulo de Codman


Bibliografia: figuras Medcurso

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Hematoma subdural

    É o hematoma mais comum nos traumas cranioencefálicos. Relacionado a trauma de alta energia, leva a lesão de pequenas veias entre a dura e a aracnóide.  Os idosos e alcoólatras são mais susceptíveis a ter este tipo de hematoma devido a atrofia cerebral que leva a aumento do espaço subdural.
    Existem algumas classificações que dividem os hematomas subdurais de acordo com o tempo de diagnóstico decorrido após um trauma. Uma delas é a que classifica em agudo, quando diagnosticado até 72 horas após o trauma, subagudo, entre 72 horas e 20 dias, e crônico, aqueles com mais de 20 dias de decorrido a injúria.
    A velocidade de formação do hematoma é variável de horas a dias. Inicialmente o sangue se coagula, mas vai lentamente se fluidificando por ação de fibrinolisinas.
    Na tomografia de crânio pode-se ver uma imagem de lua em crescente concavo convexa ao longo da superfície cerebral. Quando agudo, a imagem é hiperdensa (sangue), o subagudo costuma ser iso/hipodenso com áreas hiperdensas de sangramento, e o crônico apresenta-se hipodenso (reabsorção do sangue, sobrando conteúdo líquido).


Hematoma Subdural Agudo

Hematoma Subdural Subagudo

Hematoma Subdural Crônico


Atualização Terapêutica 2007



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Mamografia: Microcalcificações


   As calcificações distróficas decorrem do depósito anormal de sais de cálcio, na maioria das vezes, em tecidos previamente lesados (epiteliais ou conjuntivos) e nas secreções.
 As células tumorais desenvolvem mecanismos que lhes possibilitam escapar desse envelhecimento, tornando-se imortais, pode ocorrer progressão do ciclo celular, diferenciação celular, ativação enzimática por meio dos íons de cálcio como segundo mensageiro ou ligação do cálcio com proteínas mediadoras intracelulares. Além disso, tais células podem estar associadas ao acúmulo de cálcio extracelular ou
às calcificações que posteriormente se tornam evidências radiográficas precoces do câncer de mama.
  O carcinoma in situ, em 70 a 80% das vezes se manifesta pela presença de microcalcificações.
 O principal critério para distinguir as calcificações benignas das malignas é a análise de sua forma e sua distribuição. Outros aspectos compreendem tamanho, contorno, densidade e estabilidade.
  As tipicamente benignas não exigem preocupação. São classificadas na categoria 2 do sistema BI-RADS e recomenda-se controle de rotina. São facilmente distinguíveis por serem características.
  As calcificações podem surgir nas seguintes alterações:
- necrose gordurosa;
- parede dos cistos ou cutâneas: forma anelar ou casca de ovo;
- vasos sanguíneos: calcificações paralelas como “trilho de trem”;
- fibroadenomas: em “pipoca”;
- secretórias: em “bastonetes”;
- intracísticas.
  Podem se apresentar dispersas pelo corpo mamário e serem bilaterais.
 Alterações provavelmente benignas:  agrupadas, redondas ou ovais, e regulares, cujo grupamento apresenta também a forma redonda ou oval, sendo categoria 3 no BI-RADS.
  Para as malignas, os critérios de análise de maior valor são suas características morfológicas e de distribuição. Geralmente, são pequenas, menores que 2 mm, de densidades e tamanhos variados. O valor preditivo para malignidade se eleva conforme aumenta o número de microcalcificações. Por exemplo, se houver mais de 30 microcalcificações agrupadas e irregulares, ou sua concentração for superior a 10 por cm, atinge- se 65% de acerto.
   Para aprimorar o estudo das calcificações, preconiza-se realizar duas incidências: perfil absoluto e crânio-caudal ampliadas (aumento de 1,5 vez), para ter suas características melhor definidas.


 Microcalcificações malignas: Agrupamentos 
pleomórficas, algumas densas e outras de
baixa densidade


Atualização Terapêutica 2007






terça-feira, 24 de abril de 2012

Nódulo Pulmonar

   Na maior parte das vezes o nódulo pulmonar único é um achados radiológico incidental em paciente assintomático. A prevalência na radiografia de tórax é de 0,1 a 0,2%. 
   Muitas são as causas:doenças infecciosas, inflamatórias, congênitas, vasculares e neoplásicas. A prevalência de malignidade é baixa para pacientes mais jovens e não fumantes. 
    Dados clínicos e os métodos de imagem podem ajudar na conduta.
   Dos nódulos detectados pela radiografia 20% não são nódulos pulmonares, mas pseudolesões por osteófitos ou fraturas costais, lesões cutâneas, sobreposição de imagens, sombra mamilar ou artefato radiológico. Apesar de incidências oblíquas ou da fluoroscopia ajudarem em alguns casos, o melhor método para a certificação diagnóstica é a TC.
   A TC é capaz de confirmar o diagnóstico e caracterizar melhor a lesão. Alguns aspectos devem ser observados na TC:
a)Tamanho da lesão: de modo geral, quanto menor o nódulo, maior a chance de que seja benigno; 80% dos benignos medem menos que 2 cm. Contudo, o pequeno tamanho não descarta a possibilidade de malignidade.
b)Margens e contornos do nódulo: O único aspecto que é relativamente específico para lesão maligna é o contorno irregular, com margens espiculadas, principalmente se associado a distorção dos vasos adjacentes. 
c) Características internas: pode ter calcificações dos seguintes tipos: central, difusa, “em pipoca” e periférica. Os 3 primeiros são geralmente encontrados em nódulos benignos, sendo que o aspecto “em pipoca” está associado ao diagnóstico de hamartoma. A calcificação periférica é incaraterística, podendo ser vista em nódulos benignos ou malignos.
     Para nódulos incaracterísticos pode-se comparar o exame de imagem atual com o anterior. O nódulo estável por 2 anos é considerado benigno. Se o paciente não tiver exame anterior, analisa-se o risco de carcinoma. Caso o risco de carcinoma seja baixo (< 10%), pode-se realizar controle por TC após 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses, avaliando-se sistematicamente a taxa de crescimento da lesão.
      Caso o risco de malignidade seja intermediário (10-60%), deve-se recorrer a outros métodos, como realização da TC após injeção dinâmica de contraste, tomografia por emissão de pósitrons (PET), biopsia transtorácica guiada por TC ou broncoscopia, caso haja possibilidade de biopsia transbrônquica. Se estes exames forem negativos para malignidade, pode- se, então, realizar controles periódicos por TC .

Tomografia: nódulo benigno


Tomografia: nódulo maligno



Atualização Terapêutica 2007











segunda-feira, 23 de abril de 2012

Fibroadenoma de mama

     É a neoplasia mais comum em pacientes com menos de 35 anos.
   Clinicamente apresenta-se como pequenos nódulos (2 a 3 cm) bem delimitados, móveis, arredondados ou bocelados, consistência fibroelástica ou endurecido por calcificação distrófica. Apresentam crescimento lento. Durante a gestação ou lactação pode ter um crescimento rápido o que leva a infarto do fibroadenoma e consequentemente sintomatologia de dor. Pode ser bilateral em 10% dos casos. 
   Quando o aspecto palpatório não é típico, recorre-se à ultra-sonografia , que evidencia imagem nodular circunscrita, ovalada, hipoecóide, com margens bem definidas e com maior eixo paralelo à pele (diâmetro anti-radial - largura, maior que o radial - altura). Pode ocorrer reforço posterior e sombras laterais, características sugestivas de benignidade.
   Em faixas etárias mais elevadas, quando se indica a mamografia, apresenta-se como imagem nodular circunscrita, ovalada, de média densidade e eventualmente com calcificações grosseiras, com aspecto de "pipoca". Quando calcificado é considerado categoria 2 no BI-RADS e quando não calcificado, categoria 3. 
     O diagnóstico diferencial é feito com o carcinoma circunscrito cuja incidência varia de 2 a 5%.          Por apresentarem margens bem definidas e consistência firme, as lesões podem ser confundidas clínica e mamograficamente com os fibroadenomas. Muitas vezes, a imagem da ultra-sonografia também não permite o diagnóstico diferencial, necessitando de procedimento invasivo.

Mamografia mostrando Fibroadenoma


Nódulos benignos da mama: uma revisão dos diagnósticos diferenciais e conduta - Afonso
 Celso Pinto NazárioI; Mychely Fernandes RegoII; Vilmar Marques de Oliveira 




sexta-feira, 20 de abril de 2012

Osteoporose

    Embora a osteoporose seja frequentemente considerada uma doença silenciosa, sua apresentação mudou dramaticamente nas últimas décadas. Anteriormente, fraturas das vértebras, com ou sem perda da altura, eram as queixas mais frequentes. Até recentemente a fratura de quadril em pacientes idosos, que pode ser uma manifestação tardia da osteoporose, frequentemente foram consideradas traumáticas, mas não metabólicas. Do mesmo modo, fraturas de punho, em mulheres na fase inicial da pós-menopausa, que são uma indicação sentinela de osteoporose subjacente foram tratadas pelos ortopedistas, sem pensar em qualquer alteração óssea. Agora as queixas mais frequentes apresentadas é a baixa medição na densitometria óssea, feita de rotina. 
     Como a massa óssea é apenas um dos vários fatores de risco, ourtas manifestações da doença devem ser consideradas, como perda de mais de 5 cm de altura, indicando fratura prévia de vértebra. Uma história clinica de fraturas de pulso ou de tornozelo é outra indicação de osteoporose subjacente e pode ser a primeira manifestação da doença em mulheres mais jovens pós-menopausa. Fraturas por compressão da coluna vertebral com o mínimo estresse é outra queixa apresentada. Essas fraturas causam dor nas vértebras lombares médias e torácicas inferiores que podem irradiar para os flancos ou anteriormente. 
    Lordose cervical e cifose dorsal são manifestações menos frequentes em mulheres mais jovens. Fraturas de quadril resultando em lesão de colo do fêmur geralmente ocorrem após uma queda. 
    O diagnóstico pode ser feito, dessa forma,  por um radiologista através de uma radiografia simples. A única região do esqueleto que pode fornecer o diagnóstico de osteoporose mesmo na ausência de história de fratura é a coluna. Os principais sinais radiológicos encontrados na coluna dorso-lombar são: redução difusa da densidade óssea, acentuação das corticais ósseas dos corpos vertebrais, acentuação do trabeculado ósseo vertical e alterações das formas dos corpos vertebrais – vértebras bicôncavas, achatadas, acunhadas ou por compressão, que refletem diferentes graus de fraturas. Podem ser únicas ou múltiplas.


Radiografia de coluna torácica em perfil mostrando radiolucência, fraturas por compressão, e cifose na coluna vertebral de uma paciente com osteoporose




Atualização Terapêutica 2007
Cecil - Tratado de Medicina Interna

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cisto simples renal

        O cisto simples renal é a forma mais comum de massa renal, sendo que sua incidência  aumenta com a idade, atingindo uma prevalência bem mais alta do que se imagina: 50% em indivíduos com mais de 50 anos de idade.
       Costumam ser assintomáticos e geralmente são encontrados de maneira incidental durante exames de imagem do abdome.
       Eventualmente, a presença do cisto, pode originar hematúria e dor no flanco, levantando a possibilidade de uma possível complicação, como infecção ou tumor renal. 
        O diagnóstico do cisto renal simples é dado pelo exame de ultassonográfico, obedecendo três critério maiores:
1. Lesão arredondada de paredes lisas e limites bem definidos
2. Conteúdo anecoico
3. Presença de um reforço acústico posterior intenso. 
    Caso a lesão preencha estes critérios, nenhuma avaliação adicional é necessária; caso contrário, consideramos um cisto complexo, sendo mandatória a complementação com exame tomográfico. 
       Os cistos menores devem ser acompanhados por meio de métodos de imagem, atentando para a possibilidade de crescimento ou complicações. Cistos de tamanho intermediário podem ser aspirados por via percutânea, seguido por esclerose. O cistos maires de 500 ml exigem drenagem cirúrgica.


USG: obedecendo os três critérios

Tomografia Computadorizada



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Rinossinusite



   A rinossinusite pode ser definida como inflamação da mucosa de revestimento das cavidades nasais e seios paranasais.
    Os sintomas e sinais encontrados são dor na arcada dentária superior e pressão facial, congestão e obstrução nasal, secreção purulenta nasal e em rinofaringe, diminuição do olfato, febre, cefaléia, halitose, fadiga, otalgia, tosse e irritação na garganta. Destes, os mais freqüentes são a obstrução, secreção nasal e dor facial.
    Devido à estreita relação anatômica entre os seios paranasais, a órbita e a base do crânio, em qualquer fase da infecção rinossinusal, a doença pode ultrapassar os limites anatômicos dos seios paranasais e causar complicações orbitárias (edema periorbitário, celulite periorbitária, abscesso subperiostal, abscesso intra-
orbitário, trombose de seio cavernoso) e cerebrais (meningite, abscesso extradural, abscesso subdural, abscesso intraparenquimatoso). E podemos entender essas complicações, por exemplo, quando olhamos uma tomografia e vemos a relação entre as células etmoidais e a órbita.
    O diagnóstico da rinossinusite aguda é eminentemente clínico,  baseado na anamnese e exame físico.              Como critérios para diagnóstico temos: dois dos sintomas descritos acima mais edema de meato médio ou secreção no meato médio ou pólipo no meato médio.
     A radiografia simples dos seios paranasais não deve ser solicitada rotineiramente, apenas nos casos de dúvida diagnóstica. Não conseguimos com o exame fazer correlação entre este método diagnóstico e a evolução clínica dos pacientes, pois não avalia as estruturas do complexo ostiomeatal, e as estreitas comunicações dos seios paranasais com as cavidades nasais, como o infundíbulo etmoidal e o recesso frontal. Quando realizado, o paciente deve estar em posição ortostática para se ver nível hidroaéreo. 
     A tomografia  é o exame de escolha para avaliação nos casos que não evoluem bem após tratamento adequado, nos casos de rinossinusites crônicas ou recorrentes, e ainda na suspeita de complicações da rinossinusite aguda (única indicação de realização do exame durante a fase aguda). Deve ser realizada preferencialmente de quatro a seis semanas após o tratamento medicamentoso adequado, já que a presença de secreção abundante e o edema de mucosa prejudicam a avaliação detalhada das alterações anatômicas que podem estar associadas a presença de sintomas crônicos ou recorrentes. Nos casos de indicação cirúrgica a realização de TC é obrigatória.
      A ressonância magnética está indicada na avaliação das complicações orbitárias e cerebrais, já que avalia com maior precisão as partes moles, tornando possível delimitar o processo infeccioso das estruturas orbitárias e cerebrais (periórbita, duramáter, etc). Pode ser utilizada ainda como recurso no diagnóstico
diferencial com processos neoplásicos e na suspeita de rinossinusite fúngica.

Tomografia de seios da face sem rinossinusite


Nível em seios maxilares


Atualização Terapêutica 2007









terça-feira, 17 de abril de 2012

Tromboembolismo Pulmonar


   O termo, tromboembolismo pulmonar (TEP), refere-se ao transporte de coágulos sangüíneos, trombos, desenvolvidos em algum local da circulação venosa sistêmica, com posterior impactação dentro de um ou mais ramos da artéria pulmonar. É importante compreender o TEP não como uma desordem isolada, mas, sim, como uma complicação da trombose venosa profunda (TVP).

    A grande maioria dos pacientes são assintomáticos ou evidenciam sinais clínicos que só serão reconhecidos retrospectivamente. O diagnóstico clínico do TEP, bem como da TVP, é muito pouco confiável. A clássica dispnéia, de início súbito e inexplicável, sugere o diagnóstico de TEP. Freqüentemente, é o único sintoma clínico encontrado. Outras manifestações clínicas, como dor torácica do tipo pleurítica e hemoptise, associadas ao infarto pulmonar, também são sugestivas de TEP, mas não são a regra.

   Para fins didáticos, costumam-se dividir as formas clássicas de apresentação clínica do TEP em: Maciço e Submaciço, que podem apresentar formas com variados graus de gravidade, ou ainda serem acompanhadas de infarto pulmonar e hipertensão pulmonar. 

    Os sinais e sintomas clínicos, acompanhados de uma anamnese detalhada, não são suficientes para fazer o diagnóstico de TEP, podendo apenas sugeri-lo.
   A radiografia de tórax pode ser normal ou mostrar sinais inespecíficos como atelectasia, cardiomegalia, derrame pleural, infiltrados. Há duas situações onde o Raio-x pode reforçar a hipótese de TEP: 1. Paciente com fatores de risco e inicio súbito de dispnéia, cujo o exame é normal (dissociação clínico-radiológica), 2. presença de sinais clássicos de TEP como Westermark (oligoemia focal) e corcova de Hampton (infiltrado em forma de cunha - infarto pulmonar).
     A Angio Tomografia permite visualizar as estruturas arteriais no exato momento em que elas recebem uma carga de contraste, permitindo a visualização de trombos intraluminais. É o exame de escolha para investigação inicial. Um artifício que aumenta a sensibilidade do exame foi sua extensão para pelve e grandes veias proximais dos membros inferiores (coincide com a fase venosa do contraste).
   Além disso, a Angio TC é um exame que auxilia no prognóstico, a dilatação do ventrículo direito pode ser notada durante o exame, e quintuplica o risco de mortalidade!!
   A Arteriografia Pulmonar é o método padrão ouro para o diagnóstico, realizado através de cateterismo da artéria pulmonar. O TEP pode ser evidenciado pela falha de enchimento no leito arterial pulmonar, ou então,  a interrupção abrupta de um vaso. Sua principal indicação é como método confirmatório nos casos que receberão tratamento intervencionista endovascular. 


Imagem de TC evidenciando falhas de enchimento 
na artéria pulmonar direita, interlobar direita e esquerda.







segunda-feira, 16 de abril de 2012

Radiografia de tórax

         Acompanhei pela manhã, os laudos de Radiografias de tórax. A maioria mostrava um padrão normal, com pequenas alterações como espondiloartrose em pacientes mais velhos. O professor comentou que é muito interessante o médico ter a tranquilidade e segurança de dizer que um Raio x de tórax está normal, assim resolvi escrever sobre os passos para avaliação deste exame.
       É importante avaliar se o exame foi bem feito! Idealmente, devemos ser capazes de visualizar a sombra da coluna vertebral apenas nas suas porções mais superiores. Exames onde a coluna é visualizada na sua totalidade estão muito penetrados.  ideal é que o exame seja realizado em apnéia inspiratória máxima. Para sabermos se o exame está bem inspirado, devemos ter de 9 a 11 costelas posteriores projetando-se sobre os campos pulmonares.  Para que o exame esteja bem centrado, as bordas mediais das clavículas devem estar eqüidistantes do centro da coluna. Além disto, as escápulas devem estar fora do campo; e a traquéia deve estar sobreposta aos processos espinhosos. 
         Em relação as incidências temos:
      * Ântero-posterior: porção posterior do tórax em contato com o filme; o feixe de raios X entra anteriormente. Como o coração encontra-se longe do filme, ele é magnificado, dificultando a análise do seu tamanho e também dos segmentos pulmonares adjacentes (medial do lobo médio e língula). Realiza-se esta incidência, portanto, apenas em casos especiais, quando o paciente não consegue ficar na posição ortostática: crianças pequenas e pacientes debilitados ou acamados. É feita nas crianças menores de 2 anos.
    * Perfil: Deve ser sempre solicitada e realizada, juntamente com a PA. Auxilia bastante na localização e caracterização de lesões. Permite ver o lobo inferior e a parte de trás do coração. Lobo médio anterior ao coração. Rotineiramente realiza-se o perfil esquerdo, ou seja, com o lado esquerdo em contato com o filme e com entrada do feixe pela direita , para não magnificar o coração. 
     * Ápico Lordótica: O feixe de raios X entra anteriormente e as costas estão em contato com o filme. O paciente assume uma posição em hiperlordose, retirando as clavículas dos campos. Esta incidência tem grande valor para a avaliação dos ápices pulmonares, lobo médio e língula.
   * Decúbito lateral com raios horizontais: basicamente para diferenciação entre derrame e espessamento pleural. 
  * Oblíqua:  para melhor localização ou caracterização de lesões parcialmente encobertas por outras estruturas.
      Deve-se sempre ter uma sequencia de avaliação, que fica a critério de cada um, desde que tudo seja visto:
1. Partes moles: avaliação das mamas, região cervical, supra-escapular, tecido subcutâneo, abdome superior.
2. Ossos: coluna, clavículas, costelas, ombros, esterno.
3. Coração: morfologia e dimensões.
4. Aorta e artérias pulmonares: verificação de anomalias congênitas e aneurismas.
5. Mediastino: alargamentos, pneumomediastino, massas.
6. Hilos: estudo comparativo da morfologia e dimensões.
7. Parênquima pulmonar: nódulos, massas, consolidações, cavidades.
8. Pleura: espessamentos, pneumotórax, derrame pleural.
9. Diafragma: altura, morfologia, estudo comparativo.
10. Seios costofrênicos: verificar se estão livres; em casos duvidosos realizar decúbito lateral.
    Abaixo duas imagens que mostram didaticamente as principais estruturas cardíacas.
Radiografia de Tórax normal



VCS= Veia Cava Superior, AD= Átrio Direito, AA = Aorta Ascendente, A1= Arco da Aorta, TcAp= tronco da pulmonar, VD= Ventrículo Direito, VE = Ventrículo Esquerdo, AE= Átrio Esquerdo.

PneumoAtural - Radiografia simples do tórax: incidências, aspectos técnicos e sistematização da análise, Gustavo de Souza Portes Meirelles


sexta-feira, 13 de abril de 2012

Osteoartrose de joelho



                A osteoartrose (OA) é a doença articular mais freqüente, sendo a primeira causa de dor músculo esquelética. De maneira simplista podemos compreender a OA como insuficiência qualitativa e quantitativa da cartilagem articular associada a alterações típicas do osso subcondral.
                As articulações mais freqüentemente acometidas são a metatarsofalangeana do hálux, mãos (interfalangeanas proximais e distais e primeira carpo-metacarpiana), joelhos e quadris, além da coluna vertebral.
                OA de joelhos é mais prevalente no sexo feminino e sabe-se que entre 50 e 60 anos, é mais freqüente em negras do que em brancas. Além da forma idiopática, a OA pode ser secundária a uma série de fatores como distúrbios genéticos relacionados ao colágeno tipo 2, obesidade, cirurgia articular prévia, trauma articular importante.
                É importante salientar que praticamente todas as pessoas apresentam sinais radiográficos de OA a partir dos 65 anos, mas, a dor e a incapacidade funcional estarão presentes em torno de apenas 10% dos indivíduos, ressaltando que a doença não é conseqüência natural do envelhecimento.
                Nos joelhos, os pacientes queixam-se inicialmente de dor e instabilidade ao descer e subir escadas. Quase a metade dos pacientes com OA de joelhos têm desvios articulares, sendo mais comum o varismo decorrente da redução do espaço articular no compartimento medial. Pode ser uni ou bilateral e é a mais relacionada com obesidade. Pode acometer toda a articulação ou apenas um compartimento dela. O comprometimento medial é o mais acometido (75% dos casos), seguido pelo patelofemoral (50%).
                O sinal radiológico clássico da OA são os osteófitos decorrentes da proliferação óssea nas margens da articulação e a redução assimétrica do espaço articular ao lado da esclerose do osso subcondral (acentuação da hipotransparência na região subcondral). Com a evolução da doença podem surgir cistos (imagens radioluscentes arredondadas na região subcondral) e deformidades ósseas. Deve-se salientar que apesar da radiologia ter papel importante na avaliação diagnóstica da OA, é muito freqüente a chamada dissociação clínico-radiológica, ou seja, pacientes com grande comprometimento clínico e poucas manifestações radiológicas e vice-versa. Esta dissociação é mais freqüente no esqueleto axial e mãos e menos freqüentemente encontrado nas articulações do quadril e joelho. Assim, o diagnóstico e o planejamento terapêutico da OA devem ser baseados quase que exclusivamente no quadro clínico do paciente.
                O American College of Rheumatology determina para o diagnóstico:
·     *    Dor no joelho (critério obrigatório) mais osteófitos no Raio x  ou
·   * Rigidez matinal < 30 minutos, mais crepitação com a movimentação, mais idade > 40 anos ou líquido sinovial típico de OA.                
 Bibliografia: Atualização Terapêutica 2007

                                                              Radiografia de Joelho normal

Radiografia Joelho: osteoartrose

Apostila Medcurso



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Apendicite


             A Apendicite Aguda é o exemplo clássico de abdômen agudo. Geralmente caracteriza-se por dor insidiosa, inicialmente difusa, mal caracterizada e torna-se localizada com a evolução do quadro. A localização da dor, geralmente, sugere o diagnóstico etiológico. Muitas vezes o paciente tem febre e sinais de irritação peritoneal na fossa ilíaca direita.
            O primeiro determinante da nossa conduta para confirmar o diagnóstico de apendicite é o sexo do paciente. Em mulheres temos que descartar anexite, que pode ser visualizada no US TV; o radiologista pode também realizar um US abdominal para visualizar o apêndice e assim completar a investigação. Em homens a cirurgia já pode ser indicada após história e exame clínico típico e um US pode ser feito em caso de dúvida diagnóstica.
              A Tomografia pode auxiliar quando há suspeita de apendicite complicada, ajudando, por exemplo, na visualização de um abscesso, como vi hoje na discussão do grupo do Abdomen.
          A Tomografia pode ser realizada com contraste via oral, ou endovenoso ou via retal ou sem contraste.
              Achados tomográficos:
- Distensão do apêndice ( > 8mm de diâmetro transverso).
- Espessamento da parede: espessamento mural, e se utilizarmos o meio de contraste endovenoso, observaremos a captação deste nas paredes do apêndice inflamado.
- Borramento da gordura adjacente.
- Sinal da ponta de seta: Caracterizado pelo desenho de uma ponta de seta na base de inserção do apêndice, em virtude do edema nesta topografia, em exames feitos com contraste retal.
- Líquido livre: Ocorrendo a perfuração do apêndice, o líquido em seu interior (pus) é derramado na cavidade abdominal, podendo produzir uma peritonite bacteriana.
- Abscesso: caracterizado por coleção líquida, realce marginal pelo meio de contraste endovenoso, muitas vezes bloqueado por alças adjacentes.

Apêndice normal


Espessamento da parede e borramento da gordura adjacente